TEOLOGIA
LEITURA
O PRINCIPE E A PLEBÉIA
"O texto bíblico para a mensagem de hoje está no livro dos
Cantares de Salomão, capítulo 2, verso 4: "Leva-me à sala do banquete, e o
seu estandarte sobre mim é o amor." (Cantares 2:4)
O livro dos Cantares de Salomão é
a história de amor entre um príncipe e uma plebéia, que nos mostra, de alguma
maneira, a história de amor entre Jesus, o príncipe dos príncipes, e a pobre
raça humana, que somos nós.
Salomão, na sua mocidade, era um
homem que dependia de Deus. Passava muitas horas de comunhão com Ele. Gostava
de sair do palácio de manhã e andar pelos campos, conversando com Deus,
permitindo que Ele entrasse na sua vida e participasse de seus sonhos. Talvez
entre as coisas que Salomão pedia a Deus, uma delas fosse: "Senhor, ajuda-me
a encontrar a garota certa para a minha vida."
Felizes os jovens que passam
tempo a sós com Deus, pedindo que Ele os ajude a encontrar o companheiro ou
companheira para a vida. Haveria menos casamentos fracassados, menos feridas
abertas, menos sofrimento.
Salomão era um jovem que passava
horas e horas meditando a sós, caminhando pelos campos e os montes. Foi numa
dessas ocasiões que ele viu correr pelos montes uma garota linda. A sua pele
era bem morena e os seus cabelos crespos. Infelizmente a opinião que esta
garota tinha de si mesma estava deformada pelo racismo que já existia naquele
tempo.
Freqüentemente dizemos que não
somos racistas, geralmente somos contra o racismo. Somos capazes de pronunciar
os mais belos discursos contra o racismo, até que um filho nosso queira se
casar com alguém que não é da nossa raça. Aí, nossos discursos acabam. É o
hipócrita, subterrâneo, silencioso e pernicioso racismo que toma conta da
natureza humana. É uma realidade. Está presente. Sempre esteve presente; já nos
tempos de Salomão era assim.
E a garota de nossa história,
camponesa, de pais humildes, nascida com uma cor bonita, sentia-se de alguma
forma inferior, por causa da pressão social.
Por que digo isso? Vejam como
ela se descreve no capítulo 1, verso 5: "Eu estou morena, porém
formosa..." (Cantares 1:5)
Por que "porém"? Por
que não: eu sou morena e ponto. Por que ela tem que dar explicações? Ser morena
em si, não bastava? Não era um privilégio? Não era motivo para estar feliz?
Aparentemente não, porque a estrutura
social em que vivia tinha bombardeado tanto sua mente que de repente, por ser
mulata, sentia-se constrangida; por ser escura, sentia-se mal. Então tinha que
esclarecer: Eu sou morena, porém formosa. Olhem como ela continua se
descrevendo, no verso 6: "Não olheis para o eu estar morena, porque o sol
me queimou..." (Cantares 1:6)
Eu não tenho culpa de ser
morena, o sol me deixou assim. Mentira! Ninguém fica mulato porque o sol o
queimou. Mas aquela garota tinha que inventar alguma desculpa porque a sociedade
a fazia sentir-se culpada por ser como era.
Hoje, quero apresentar uma
mensagem de libertação. Libertação de complexos, de traumas. Por favor, nunca
permita que as outras pessoas o façam sentir-se inferior.
Vejam como ela continua seu
relato. Acompanhe-me na leitura do verso 6: "...Os filhos de minha mãe se
indignaram contra mim, e me puseram por guarda de vinhas..." (Cantares
1:6)
Ah queridos, já desde aqueles
tempos pensava-se que as pessoas de uma determinada raça só serviriam para
cuidar de vinhas; não para ir à faculdade e estudar e ser um profissional. Isso
é o fruto do preconceito que tem arruinado vidas!
Olhe para o céu, olhe para a
vida, sem medo, sem temor. Deus tem ideais elevados para você, valores
infinitos. Nunca aceite que outras pessoas digam que você não pode crescer,
prosperar, estudar, ser um profissional, um líder ou até o presidente deste
país.
Mas os complexos, frutos da
pressão social, tinham feito com que a beleza desta garota morena e linda
começasse a murchar. Ela começou a sentir-se feia porque passou a ficar
prisioneira dos preconceitos, dos complexos e dos traumas que ela mesma começou
a criar em sua cabeça. A timidez começou a tomar conta de sua vida. Tinha
vergonha de olhar as pessoas nos olhos, vergonha de participar de uma reunião
social. E começou a esconder-se nas montanhas, nas fendas das rochas, andar
solitária por aqueles vales e colinas, sozinha, ruminando seus complexos, sua
auto-imagem negativa.
Por que digo isto? Porque
quando Salomão a descobre, vejam como ele a chama: "Pomba minha, que andas
pelas fendas dos penhascos, no esconderijo das rochas..." (Cantares 2:14)
No capítulo 4, verso 8, ele
diz: "Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano; olha do
cume de Amana, do cume de Senir e de Hermom, dos covis dos leões, dos montes
dos leopardos." (Cantares 4:8)
Pobre garota! Linda, linda,
bonita! Mas de repente começava a ficar feia por dentro. Começava a pensar que
não valia, que não prestava, que nunca ninguém olharia para ela, que seu destino
era viver em covas de leões e leopardos e esconder-se nas fendas das rochas,
até que um dia, nessas caminhadas matinais de meditação, o príncipe do palácio,
aquele jovem que estava se preparando para ser rei, nas suas horas de
meditação, clamando a Deus por uma companheira ideal para a vida, a encontra
entre as rochas, vítima dos preconceitos, traumas e complexos.
E vejam como o príncipe se
descreve a si mesmo no capítulo 2, a partir do verso 1: "Eu sou a rosa de
Sarom, o lírio dos vales." (Cantares 2:1)
Aqui você vê um homem dono da
situação e uma garota prisioneira de seus complexos. Um rapaz consciente de seu
valor: "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales." Ele era o que
era. Ele não estava arruinado por complexos.
E agora vejam como ele a descreve
no verso 2: "Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as
donzelas." (Cantares 2:2)
Ele diz: Minha amada é linda, é
bonita, é um lírio, mas é um lírio que os espinhos estão encobrindo; é um lírio
que não desabrocha porque os espinhos não permitem; os espinhos dos complexos,
os espinhos dos preconceitos, os espinhos de tanta coisa; você não presta, não
vale, nunca chegará lá. Você não passa disto, não passa daquilo. As piadas, os
comentários, as brincadeiras, enfim, tudo isso foi marcando tanto sua vida que
agora ela se sentia como um lírio que se apagava. Os espinhos desta vida iam
acabando com aquela beleza com que Deus a tinha criado. Mas agora o príncipe
aparece para resgatá-la. E quando alguém começa a destacar seu valor, você passa
a acreditar.
O príncipe deixa seu palácio e
vai às fendas das montanhas e às rochas e às covas dos bichos selvagens para
libertar aquela garota prisioneira dos espinhos dos seus preconceitos. E vejam
como o príncipe a enxerga, como ele a vê, como ele a descreve. No capítulo 4:
"Como és formosa, amada minha, como és formosa! Os teus olhos são como os
das pombas, e brilham através do teu véu..." (Cantares 4:1)
Tira esse véu. Você tem tanta
coisa bonita pra mostrar por trás destes olhos! Por que você esconde seus
olhos? Por que não são azuis? Por que não são verdes? Tire o véu dos seus
olhos, deixe-me ver a sua beleza.
Continuando no verso 1: "Os
teus cabelos são como o rebanho de cabras que descem ondeantes do monte de
Gileade." (Cantares 4:1)
Que coisa maravilhosa! Enquanto
ela fica diante do espelho se perguntando: "O que eu faço com este cabelo
crespo? Por que nasci assim?" O príncipe diz: Os teus cabelos são como um
monte de cabras descendo pela ladeira. Cabras, todas amontoadinhas. Bonito!
Você não tem que ter vergonha do que você é. Você não tem que se sentir mal.
Por que permitimos que a
televisão, as revistas, os jornais, os "out-doors" comecem a criar em
nossa mente a idéia de que: Se eu não sou deste tipo ou daquele, não sou
bonito? O príncipe dos príncipes nos enxerga de outra forma.
O príncipe encontra esta garota
e a liberta, a valoriza, a ama, a tira da cova dos leões e a faz sua esposa,
levando-a ao palácio como primeira dama do reino.
Agora pense: como uma camponesa
que vivia se escondendo nos montes podia dirigir o cerimonial de um jantar de
etiqueta quando o rei convidasse os reis de outras nações?
Seguramente, quando Salomão lhe
declarou seu amor, ela disse: Não Salomão, você é um príncipe, tem tantas
princesas para escolher. Eu não sou ninguém. Mas Salomão respondeu: Você vale
muito. Eu vou amá-la sempre, vou estar ao seu lado sempre. Você vai crescer,
vai se desenvolver, até ser uma rainha. E levou-a para o palácio.
Agora, imaginem vocês, o pessoal do
palácio. Imaginem vocês as candidatas de Salomão olhando para aquela camponesa.
Mas Salomão ficou ao lado dela, amando-a. Quando participavam daqueles
banquetes suntuosos, eu imagino Salomão dizendo: "Olhe para mim e faça do
jeito que eu fizer. Quando sentir que está falhando, ou que não vai conseguir,
é só olhar para mim e vai ver amor em meus olhos. Vai ver que eu não amo você
porque é uma grande anfitriã. Eu a amo pelo que você é. E vejo dentro de você
valores que o mundo não vê."
E queridos, lá no palácio,
quando ela tinha que viver a altura da conduta de uma rainha, o que a
sustentava era o amor do esposo. Quantas vezes esteve a ponto de largar tudo e
dizer: "Não consigo, vou voltar para minha vida passada." Mas quando
contemplava o olhar de amor, de compreensão e de aceitação do rei, criava
coragem e continuava a vida. E um dia, ela se tornou uma grande rainha,
respeitada e amada pelo seu povo.
Agora você compreende o que ela
quer dizer no capítulo 2, verso 4? "Leva-me à sala do banquete, e o seu
estandarte sobre mim é o amor." (Cantares 2:4)
Amigo, um dia Jesus, o Rei dos
reis, deixou tudo lá; deixou Seu palácio e veio a este mundo para nos buscar.
Vivíamos escondidos nas fendas das rochas desta vida; vivíamos escondidos
talvez no mundo das drogas, do cigarro, do álcool, da promiscuidade e o diabo,
que nos levara para lá, era o mesmo que vinha e nos atormentava dizendo: Você
não presta, você não tem direito à salvação; você está perdido, acabado, não há
mais solução para você, não há mais esperança.
E quem sabe eu esteja falando
neste momento para alguém que já errou tanto, que já prometeu tanto e nunca
conseguiu, para alguém que está assistindo ao programa com a esperança de que
Deus opere um milagre em sua vida; talvez você já tentou várias vezes e nunca
conseguiu. E a voz do inimigo está falando em seu ouvido: Não adianta, você
nunca conseguirá. Não adianta ficar na igreja; é melhor você largar tudo; você
nunca viverá como um rei; nunca será um príncipe; nasceu para viver na sarjeta;
para viver lá onde você merece viver. Mas o príncipe Jesus olha para você com
amor e diz: Filho, você é a coisa mais linda que eu tenho nesta vida. Você é um
lírio abafado pelos espinhos dos vícios, dos preconceitos, dos traumas, do
pecado, da promiscuidade. Mas você nunca deixou de ser um lírio. E eu vim para
resgatar você.
Às vezes podemos olhar pra
Ele e dizer: Senhor, como pode me amar? Olha para a minha vida, estou todo
arruinado. Como pode me amar? Eu sou um hipócrita. Estou na igreja. Meus pais
acham que sou bom; a igreja acha que sou bom; tenho até um cargo na igreja, mas
olha para a minha vida, sou uma droga! Está tudo errado na minha vida. Como
pode me amar? E Jesus olha para você e diz: Filho, quando você está pensando
que não tem mais forças e está querendo abandonar tudo, olhe para mim. Eu o amo
assim como você é. Eu vim para ajudá-lo a tornar-se um príncipe; e você vai
chegar lá. Não pela sua força, mas pelo meu amor. Olhe para mim e não se
esqueça que eu o amo.
Abra seu coração e deixe Jesus
entrar em sua vida.
ORAÇÃO
Pai querido, como podes nos amar tanto?
Não sei, nunca O entenderemos, mas muito obrigado porque prometes fazer de nós
príncipes no Teu Reino. Em nome de Jesus, amém.
PR. ALEJANDRO BULLÓN
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