TEOLOGIA
Leitura
A
MELHOR MANEIRA DE TRATAR UM INIMIGO
Se o
seu inimigo estiver com fome, dê-lhe algo para comer; se ele estiver com sede,
dê-lhe um pouco de água. Assim, ele ficará arrependido do mal que fez a você;
além disso, o Senhor dará a você a recompensa. Prov. 25:21 e 22 (A Bíblia
Viva).
O
soldado japonês típico da Segunda Guerra Mundial é lembrado por sua cruel
insensibilidade para com o sofrimento humano. Como ex-prisioneiro, sei disso.
Cheguei a compreender, entretanto, que esses homens foram vítimas do sistema
satânico sob o qual serviam, pois eram tão indiferentes ao sofrimento de seus
próprios feridos como o eram para com o dos inimigos.
Apesar dessa realidade, nem
todos os soldados japoneses eram insensíveis. Recordo bem de uma vez em que,
tarde da noite, um de nossos guardas foi na ponta dos pés até nossas barracas e
cuidadosamente cobriu os presos que se haviam descoberto durante o sono. Também
fiquei sabendo que o Tenente Tomibe Rokuro, que foi nosso comandante por algum
tempo, chorou quando viu como a Kempeitai (polícia secreta) havia torturado
alguns de nossos homens.
Houve também exemplos de
compaixão revelados pelos aliados. Na Tailândia, onde minha esposa e eu
trabalhamos como voluntários de 1990 a 1992, soubemos de um trem cheio de
soldados britânicos que durante a Segunda Guerra foi desviado para outra linha
férrea para uma espera demorada. Os britânicos ouviram os gemidos de japoneses
feridos em um trem próximo. Alguns foram investigar e viram aqueles pobres
homens num estado chocante de abandono. Sem dizer palavra, e sob protestos da
guarda japonesa, os britânicos repartiram sua ração e a água, limparam e
fizeram curativos nos ferimentos dos japoneses da melhor forma que puderam. Ao
saírem, ouviram os agradecidos soldados inimigos dizendo: "Arigato"
(muito obrigado).
Um oficial aliado que havia
observado a cena criticou os bons samaritanos por terem "prestado ajuda e
dado consolo ao inimigo". Fizeram-no recordar, entretanto, que o Bom
Samaritano original ajudara um inimigo (S. João 4:9; S. Luc. 10:33) e, assim,
por que não poderiam eles fazer a mesma coisa?
Bondade Para com Estranhos
Se o estrangeiro peregrinar na vossa terra, não
o oprimireis. Como o natural será entre vós o estrangeiro que peregrina
convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos. Lev. 19:33.
Era
domingo à noite, 29 de dezembro de 1946. A primeira edição do jornal Miami
Herald havia acabado de ir para a impressão. Timothy Sullivan, redator,
preparava-se para ir para casa e ter uma bem-merecida noite de descanso, quando
seu telefone tocou e uma voz de mulher começou a implorar:
- Por favor, me ajude! Meu marido
está tendo uma hemorragia e vai morrer!
O moribundo era Rudy Kovarik, do
Estado de Michigan. Ele e sua esposa estavam de férias na Flórida, quando a
úlcera do estômago dele começou a sangrar e ele foi levado às pressas para o
Hospital Biscayne. Uma úlcera sangrando não é necessariamente uma ameaça à
vida. A situação, no entanto, era crítica porque o tipo de sangue de Kovarik
era raro, AB com RH negativo, e não estava sendo encontrado em toda a região. A
menos que um doador com aquele tipo de sangue fosse localizado em pouco tempo,
os médicos temiam que Kovarik não amanhecesse vivo.
O que poderia fazer um redator de
jornal? Um homem estava morrendo. Sullivan teve uma idéia. Telefonou para a
emissora de rádio WCBS, alguns quarteirões adiante, e pediu para falar com o
locutor Walter Winchell, que devia ir ao ar dentro de minutos com o noticiário.
Relutantemente, o telefonista permitiu que Sullivan falasse com Winchell.
Dentro de poucos minutos, Winchell irradiou a notícia acerca de Kovarik, dando
o nome do paciente e os números do telefone do hospital, do posto policial e do
escritório do redator do Miami Herald.
Dentro de minutos, esses
telefones ficaram congestionados com ligações vindas de todo o país, oferecendo
doações de sangue. Um dos oferecimentos veio de um soldado que estava de
licença, hospedado num hotel a uns dois quarteirões do hospital. Dentro de
minutos, o sangue transportador de vida fluía para dentro das veias do
debilitado paciente. A vida de Kovarik foi salva. Algumas semanas mais tarde,
Sullivan obteve a recompensa quando o agora restabelecido Kovarik entrou em seu
escritório para expressar-lhe gratidão, não mais como um estranho, mas como
amigo.
Às vezes somos recompensados nesta vida por demonstrar bondade, mas não
contemos com isso. Sejamos bondosos
para com os outros, não porque pode aparecer alguma recompensa, mas porque o
amor de Cristo nos constrange a fazer o bem.
Nobre
Vingança
Evitai que alguém retribua a
outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem, entre vós, e para com
todos. I Tes. 5:15.
Certo
dia, um oficial do exército bateu num jovem soldado que era conhecido por
praticar artes marciais. O golpe era injustificado, mas os regulamentos
militares proibiam o revide; além disso, o jovem era cristão.
- O senhor ainda vai se arrepender
disso - comentou o soldado com um sorriso.
Tempos depois, a companhia daquele
soldado estava envolvida numa feroz batalha, quando ele viu um oficial ferido
tentando desesperadamente arrastar-se de volta para a trincheira. O jovem
soldado reconheceu-o como o oficial que o havia golpeado. Arriscando a própria
vida, foi em auxílio do homem ferido e ajudou-o a ir a um posto de primeiros
socorros.
Enquanto o oficial jazia deitado
no chão, esperando que os médicos o atendessem, tomou a mão do soldado,
gaguejou um pedido de desculpas e expressou-lhe gratidão. Apertando a mão do
oficial, o jovem soldado deu uma risadinha amigável e disse: "Eu tinha
certeza de que algum dia o senhor se arrependeria." Dali em diante, os
dois tornaram-se os melhores amigos.
Durante a Segunda Guerra Mundial,
Desmond T. Doss, um soldado cristão não-combatente, foi ridicularizado por
causa de sua fé, até mesmo por alguns dos oficiais. Durante a campanha de
Okinawa, um daqueles oficiais foi gravemente ferido. Doss também arriscou a
vida para salvá-lo. Salvou
igualmente a vida de muitos outros homens feridos, alguns dos quais haviam
anteriormente zombado dele. Em reconhecimento por sua coragem, uma nação grata
concedeu-lhe a Medalha de Honra do Congresso, a mais alta condecoração por
bravura outorgada pelos Estados Unidos - e a primeira dessas medalhas a ser
dada a um não-combatente.
Pague o
Mal com o Bem
Não pagando mal por mal, ou
injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo
fostes chamados. I S. Ped. 3:9.
Li pela
primeira vez acerca de Jacob de Shazer no jornal San Francisco Chronicle, no
final de 1945 ou início de 1946. Isso aconteceu apenas alguns meses após a
minha libertação do campo de concentração nas Filipinas.
Shazer foi um dos participantes dos ataques de surpresa sobre o Japão, no dia
18 de abril de 1942. Durante o ataque,
o avião de Shazer foi atingido por fogo antiaéreo. Ele foi forçado a acionar o
ejetor e acabou sendo capturado. Em terra, viu dois de seus companheiros sendo
executados por um pelotão de fuzilamento. Teve a certeza de que seria executado
também, mas parecia que Deus tinha outros planos para ele.
Na ocasião em que foi capturado,
Shazer era ateu, mas durante os meses de prisão começou a ponderar e querer
descobrir por que odiava seus captores e por que eles o odiavam. Ao buscar
respostas, procurou recordar-se do que havia aprendido sobre o cristianismo. Um
dia, ele pediu aos guardas uma Bíblia. Inicialmente eles riram, mas em maio de
1944 um dos guardas jogou uma Bíblia contra ele, dizendo que podia ficar com
ela por três semanas, no máximo.
Conforme havia dito, três semanas
depois o guarda tomou a Bíblia de volta, mas naquele período de tempo a vida de
Shazer mudara. Lembro-me de ter lido no jornal sobre como ele pretendia
retornar ao Japão como missionário. A decisão dele me influenciou a desejar ir
também para o Japão como missionário, mas Deus tinha outros planos. No caso de
Shazer, entretanto, isso aconteceu e ele partiu em 1948. Ao fazê-lo, retribuiu
com o bem o mal que lhe haviam causado. Mostrou o genuíno espírito de um cristão.
Embora eu possa dizer com sinceridade que nunca odiei os japoneses, não posso
afirmar que os tenha amado ativamente enquanto estive no campo de concentração.
Com Cristo foi diferente. Ele amou a todos com "amor eterno" (Jer.
31:3), até mesmo àqueles que O amaldiçoaram, maltrataram e crucificaram (ver S.
Luc. 23:34). Sua vida e morte são um exemplo vivo de como devemos portar-nos em
relação com aqueles que nos maltratam (ver S. Mat. 5:44).
"Tende em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus." Filip. 2:5.
http://www.jesusvoltara.com.br/meditar/85_tratar_inimigo2.html