VIRTUDES
BODAS DE DEDICAÇÃO
Dia
destes, ao final de uma missa, o padre foi dar a bênção especial para um casal
que comemorava 25 anos de casamento. Observei os dois, seus filhos, o jeito
como o marido olhava a esposa, talvez com a mesma admiração (ou mais), de
quando se conheceram. Ela retribuía com um olhar sereno e um sorriso que
transmitia paz. Eu sou mesmo “Maria chorona” e não me envergonho disto. Choro
quando tenho vontade, não como dramalhão mexicano. Foi inevitável dar uma
choradinha básica. Emocionar-se não é ser piegas e ainda que fosse não há por
que me preocupar com isto.
O
casal selou seu amor, todo mundo bateu palma e a gente reacendeu a esperança.
Voltou a enxergar que o amor está em toda parte e que pode sobreviver, haja o
que houver. Eu me sentia satisfeita em poder ver aquilo, por mais simples que
tenha sido. Depois da bênção final e de o padre ter deixado o altar, a senhora
que estava ao meu lado disse: “A gente não conhece, mas se emociona né?”. Ela
queria falar. Talvez todos quisessem, como forma de liberar o grito sufocado de
“eu ainda acredito no amor”.
Ela
virou-se para mim e contou que não deu tempo de comemorar bodas de ouro com o
marido. Ele morreu dois anos antes de selar os 50 anos de união. Seus olhos se
encheram de lágrimas, a voz embargou. Eu ali como uma desconhecida, mas
irmanada naquela saudade, como qualquer ser humano que enxerga e sente a dor do
outro. Dei-lhe um abraço que pode ter sido melhor que mil palavras que eu não
saberia e nem poderia dizer. “Mas, juntando os 48 anos de casamento e o namoro,
de seis anos, deu mais de 50!”, disse-me ela, mais resignada com o que não se
pode mudar.
O
amor não mudou desde a nossa existência. As pessoas é que decidiram confundir
amor com apego ou qualquer outra coisa que seja. Há gente que casa apenas para
cumprir exigências sociais e religiosas. Mal sabem o que sentem. Só assinam um contrato. É como chegar o
Verão, pagar meio ano de academia e aparecer só na primeira semana. Há gente
assim: nunca está presente de verdade. Não tem dedicação alguma. “Porque acordar
cedo dá preguiça”. E para alguns há preguiça de amar, de se comprometer. E aí a
união vira um mero contrato de aparências com carimbo de validade. Depois,
segue para a partilha de desaforos e dos bens materiais que sempre se
sobrepujaram a qualquer sentimento.
Que
hoje, os que não estão bem em seus casamentos possam despertar de seus erros e
repensar suas atitudes. Que os que planejam casar-se tenham consciência de que
contrato por contrato, já basta o da academia, da escola de idiomas, do
aluguel. É preciso mais que assinar um papel e reconhecer firma para ser feliz
consigo mesmo e com alguém do lado. Dedique-se! E comemore bodas, hoje e
sempre!
Mônica Kikuti