VIRTUDES
Governe-se
Já pensou no
estrago que um veículo desgovernado é capaz de fazer? Pode haver uma tragédia ou
mesmo danos irreparáveis. Assim também acontece com pessoas que se desgovernam
ou que, sem nenhuma consciência, se deixam governar por sensações e sentimentos
que causam mal a elas mesmas e às outras.Todos os dias nos deparamos com
pessoas assim – ou podemos, também, ser uma delas.
Imagine-se como um caminhão sem freio
descendo uma ladeira, podendo atingir pessoas, casas e outros veículos. Você
vai querer poupar pessoas, casas e veículos. Vai fazer de tudo para desviar,
porque sabe que pode trazer sofrimento para os outros e também culpa, que é um
sofrimento que ninguém quer para si. Desgovernar-se, portanto, é algo que deve
ser evitado a todo custo para não provocar todo tipo de infortúnio. Por outro
lado, deixar-se governar pela mente, com as ilusões por ela criadas, tampouco é
sadio.
Governar-se é tomar consciência. É
acender a luz, uma lanterna ou um lampião. É ter um foco, num universo de
nebulosidade. É manter-se no foco, evitando desviar-se para a escuridão ou para
o que não se consegue ver.
Governar-se
é manter o controle de sensações que nascem dentro de nós, com meras fagulhas
de raiva, incompreensão, indignação, vingança, se transformando como lava
vulcânica, destruindo tudo por onde passa. Por mais que o ser humano venha, ao
longo do tempo, buscando prestígio, ascensão, conforto, felicidade, nada disto
é possível se não nos voltarmos ao que somos, realmente, sem os rótulos que nos
dão e damos aos outros e a tudo o que nos cerca.
Em tempos de
desventuras e falta de fé, nunca foi tão urgente que olhemos para dentro de nós
e observemos como temos levado a vida ou como temos deixado que a mente nos
governe, sem a luz da consciência e o clarão das virtudes. Quem gostaria de
deixar-se dirigir, se pode fazê-lo sozinho? Ninguém, em sã consciência, diria
que preferia ser dirigido do que confiar a si esta simples ação.
Esteja no volante. Esteja presente e
alerta. Observe a si mesmo, com a compaixão que tem o poder de apaziguar todas
as coisas, visíveis e invisíveis – estas as mais perversas. Perdoe suas falhas
e a dos outros. Não culpe. Não deixe ninguém e nada tomar as rédeas da sua
vida, seja a destemperança, o desamor ou qualquer sensação que traga
sofrimento.
Não perca o freio ou acelere demais.
Esteja no comando e dê à sua existência a naturalidade da paz e do amor.
Governe-se! Porque isto, sim, é do seu governo!